“No ano em que a Casa do Poeta Lindolf Bell completa 20 anos e também no qual se cumprem 25 anos da despedida inesperada do poeta, a exposição Reminiscências traz um conjunto de imagens que pretendem fazer vir à luz alguns traços essenciais da história da arte barriga-verde. Trata-se de uma seleção de obras recentemente doadas pelo filho de Lindolf Bell, Pedro Roberto Hering Bell”. As colocações são do profissional do Centro de Memória Lindolf Bell, Miguel Angel Schmitt Rodriguez, que atua como curador da exposição de arte que está sendo realizada no Grão Espaço Cultural - Casa do Poeta, até o dia 7 de maio, sendo que as vistas podem ser feitas de terça-feira à domingo das 8h30min às 11h30min e das 13h30min às 17h30min, com entrada gratuita.
Em entrevista Rodriguez explica que “Reminiscências - imagens de um legado é uma homenagem ao trabalho de Lindolf Bell como promotor e incentivador das artes plásticas no estado. Todas as obras são de artistas que frequentavam e expunham seus trabalhos na Galeria Açu-Açu, espaço de arte de relevância fundamental para o circuito da arte catarinense nas décadas de 1970, 1980 e 1990. A seleção oferece uma mostra que atesta a pluralidade dos espaços de produção da arte catarinense. Apresentam-se traços, cores e formas de trabalhos de Jayro Schmidt, Hamilton Machado, Pedro Paulo Vecchietti, Rubens Oestroem, Guido Heuer, Suely Beduschi, Lenice Weis, Antonio Chiarello, Marlene Hüskes e Bernardete Petermann”.
O curador observa que “a exposição conta ainda com uma seleção de reproduções de documentos do Centro de Memória Lindolf Bell. São notas de imprensa com textos críticos sobre os artistas e sobre o contexto da arte naquelas décadas, além de algumas reproduções de fotografias. Reminiscências quer convidar os apreciadores da arte a voltarem suas atenções às imagens que nos foram herdadas, imagens do pensamento da arte catarinense que devem ainda figurar na composição de nosso destino”.
Documentos
Rodriguez relata ainda que “a exposição apresenta, além da preciosa seleção das obras de arte, algumas reproduções de documentos históricos referentes ao trabalho artístico dos autores das referidas obras. Tais documentos foram disponibilizados, após acurada pesquisa, pelo Centro de Memória Lindolf Bell (CMLB)”.
De acordo com o profissional “o Centro de Memória é o setor da Casa do Poeta responsável pela conservação, gestão e difusão da coleção documental referente à vida pessoal e profissional do poeta Lindolf Bell. Tal coleção de documentos pertence à filha do poeta, Rafaela Hering Bell, e estão cedidos sob a forma de comodato”.
Rodriguez informa que “a coleção está composta por um conjunto de aproximadamente 10.000 documentos de naturezas diversas: manuscritos, correspondências, cartões postais, certificados e documentos de uso pessoal, fotografias, recortes de jornais, cadernos escolares, fitas de áudio e vídeo, cartazes de exposições, notas de contabilidade, etc. Trata-se de um dos mais importantes acervos documentais no campo da literatura e da arte do sul do país, auxiliando o trabalho de pesquisa de diversos acadêmicos oriundos de renomadas faculdades e programas de pós-graduação das áreas de História, Letras e Artes”.
Conheça os artistas
Antônio Chiarello: foi artista influente na cena cultural de Chapecó integrando o “Grupo Chap”, coletivo de artistas constituído no final da década de 1970. Autodidata, dedicou-se as artes desde a infância, tornando-se exímio desenhista. Expôs trabalhos na 1ª, 2ª e 3ª Global de Artes de Chapecó. Sua obra intitulada “Confronto” ilustrou o cartaz da 2ª edição destas famosas mostras de artes que aconteceram nos anos de 1978, 1979 e 1980.
Bernardete Petermann: realizou sua primeira exposição individual em 1993, ano em que foi contemplada como destaque no campo das artes da cidade. Em 1994, por indicação de Lindolf Bell, recebeu o troféu “A Pérola” como revelação do Vale. Desde então, coleciona coletivas e individuais, participando também em diversos salões e leilões de Artes. Participou do XIV e XV Circuito Internacional de Arte Brasileira nos anos de 2009 e 2010, apresentando trabalhos nas cidades de Santiago do Chile, Berlim e Praga.
Guido Heuer: despertou o talento para as artes muito cedo ao observar o ofício do avô paterno na elaboração de peças de metais produzidas para o adorno de lápides funerárias. Em 1973, com apenas 17 anos, participou da IV Coletiva Barriga-Verde de Artes Plásticas ao lado de nomes já prestigiados como os de Martinho de Haro, Meyer Filho e Sílvio Pléticos. Com uma produção vigorosa e intensa, Guido Heuer soma, em cinco décadas de dedicação ao ofício, mais de uma centena de exposições com um número relevante de apresentações no exterior, em países como Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha.
Hamilton Machado: além de desenhista foi pintor e atuou como professor durante as décadas de 1970 e 1980 na Casa de Cultura Fausto Rocha Júnior, em Joinville. Suas obras trazem como temática as paixões, angústias, manias e anseios do ser humano em suas diversas dimensões.
Jayro Schmidt: começou sua trajetória no campo das artes na década de 1960 atravessando diversas técnicas como o desenho, a pintura, a gravura e as artes gráficas. Na década de 1970 venceu por mais de uma ocasião os concursos de elaboração dos cartazes das Coletivas Barriga-Verde de Artes Plásticas. Participou de diversas exposições nas principais capitais do país, inclusive, estando presente na Bienal Nacional de São Paulo no ano de 1976. Mais recentemente tem-se dedicado ao ensino sendo também crítico de artes e de literatura.
Lenice Weis: é artista plástica e educadora da arte, destacando-se no cenário da produção artística catarinense, sobretudo a partir da década de 1990 ao trazer, para suas telas, elementos figurativos que remetem às experiências de infância e de vida que teve ao partilhar os traços da cultura das famílias imigrantes que colonizaram o oeste do estado, a partir do início do século XX.
Marlene Hüskes: desde jovem frequentou cursos de pintura, desenho, composição e gravura com artistas de reconhecido talento. Conta com mais de 100 exposições em mostras coletivas e mais de 20 exposições em mostras individuais. Presidiu a Associação Blumenauense de Artistas Plásticos (BLUAP) na gestão 1995/1997; compôs a Comissão Pró Museu de Arte de Blumenau juntamente com Lindolf Bell nos anos de 1997 e 1998, tornando-se, quando da consolidação do Museu, presidente do Conselho durante a gestão 2004/2006.
Pedro Paulo Vecchietti: alcançou reconhecimento e prestígio no meio artístico, sobretudo, pelo seu exímio trabalho em tapeçaria.Teve na figura do pai, o designer gráfico Eugênio Vecchietti, a referência e inspiração para o desenvolvimento de seu talento. Ao lado de artistas de renome como Meyer Filho, Hassis, Hugo Mund Júnior, Rodrigo de Haro e Tércio da Gama contribuiu no ano de 1958 para a fundação Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis e foi co-fundador, no ano de 1975, da Associação Catarinense de Artistas Plásticos.
Rubens Oestroem: desempenha importante trabalho nas artes plásticas catarinenses possuindo consolidada trajetória com trabalhos de pintura, escultura e gravados. Atua também como professor. Residiu por muitos anos na Alemanha, onde concluiu mestrado em pintura e litografia pela Escola Supeior de Artes de Berlim.
Suely Beduschi: as primeiras exposições se deram no ano de 1972 nas coletivas do I Sapisc (Salão de Artes Plásticas de Santa Catarina) em Florianópolis e da III Coletiva de Arte Barriga-Verde, na cidade de Blumenau - esta última promovida pela Galeria Açu-Açu durante os anos da década de 1970. Com consolidada trajetória e merecedora de diversos prêmios e menções honrosas, suas obras foram exibidas em diversos salões de arte pelo Brasil e também no exterior.
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