Mudança na direção administrativa do HBR

-
Amanda Bittencourt - Presidente do HBR, Edson Roberto Milbratz
Direção procura profissional que possa ter dedicação exclusiva à instituição de Saúde
INDAIAL - O Hospital Beatriz Ramos (HBR) de Indaial, que é considerado uma instituição privada, filantrópica e de utilidade pública e que realiza em média 3.800 consultas mensais, está com mudanças na direção administrativa. O antes diretor, Valter Francisco Neto, deixou o cargo no dia 18 de outubro, após uma reunião com os demais diretores do Hospital, juntamente com a presidência.
Em conversa com o presidente do HBR, Edson Roberto Milbratz, conhecido também pelo apelido "Gelinho", comenta que quando entrou para a presidência da instituição, Valter já era diretor administrativo e sempre foi transparente quanto à existência de uma empresa particular que também atuava no ramo hospitalar, prestando serviços de contratação de equipe médica e gestão. Essa empresa veio recentemente crescendo no mercado e passou a prestar serviços nos prontos-socorros das cidades de Rio do Sul e Gaspar.
"Hoje, com a demanda do HBR e com o próprio Plano Diretor que está em fase final e que necessita de uma atenção exclusiva, foi entendimento de toda a diretoria que o foco deveria estar no Hospital e não fora dele. Depois de várias conversas, identificou-se a possibilidade que poderia existir um conflito de interesses, mediante a empresa atuar no mesmo ramo e com a finalidade de evitar problemas futuros foi decidido o desligamento do diretor administrativo", explica Milbratz, sobre a motivação do afastamento de Neto.
Há dois meses, Valter já tinha tido uma conversa na qual foi explanada essa situação, e que ele deveria encontrar alguma alternativa para explanar à diretoria. "Essa situação não estava muito transparente para nós e estávamos sentindo incomodados e pedimos para que ele nos trouxesse uma alternativa para nos apresentar e como não veio uma outra alternativa sustentável, os membros da diretoria tomaram essa decisão", destaca o presidente.
Novo Profissional
Questionamos o presidente Milbratz, sobre se já havia nomes de quem ocuparia o cargo, e ele nos disse que estão ainda na fase de identificação de necessidades dos setores para que assim possam pré-estabelecer um perfil do novo diretor do Hospital. "Já tivemos vários nomes, algumas pessoas já vieram conversar conosco. Teremos alguns pré-requisitos para contratação dessa nova pessoa, dentre eles, dedicação exclusiva, bom relacionamento com equipes e conhecimento em todos os setores" ressalta o presidente.
No momento, os vários setores estão trabalhando em conjunto para suprir a falta do diretor. "Está tendo um trabalho coletivo pelo demais integrantes da administração para suprir essas demandas no momento, que foram deixadas pelo antigo diretor", comenta o presidente do HBR.
Também não há uma data para definição do novo diretor.
A redação conversou com Valter a respeito da sua saída, porém ele não quis nos relatar seu posicionamento a respeito do caso, mas adiantou que nos próximos dias deverá emitir nota com os devidos esclarecimentos.
Busca de recursos na Câmara de Vereadores
Aproximadamente 92% dos atendimentos realizados no HBR são via SUS, e o restante, é de consultas particulares e de convênios. Porém, quando se trata de receitas, esse percentual de 8% de consultas particulares e conveniados gera, no total, 30% da receita do Hospital, e o restante é proveniente do SUS. Além disso, o Hospital tem em contrato, 3 mil atendimentos via SUS por mês, mas vem realizando em média 3.500. Esses 500 atendimentos a mais que o Hospital realiza, não recebe o valor pelos serviços prestados.
Segundo Milbratz, tanto o município, quanto o Estado e a União, deveriam fazer repasses de recursos para funcionamento da casa de Saúde. Porém, o Estado, vem repassando alguns valores abaixo do estipulado pela tabela SUS. "No pronto-socorro, de acordo com a tabela SUS, os custos gerados são em torno de R$ 120 mil. Oficiamos ao Estado que isso estava além do que recebemos, que é apenas R$ 48.600,00".
Em 2014, uma auditoria foi realizada pelo Estado, referente à falta de descrições cirúrgicas de médicos que prestavam o serviço na época, o que geraria um custo de mais de R$ 1 milhão (valor ajustado) que o Hospital deveria ressarcir. "Em virtude disso, tentamos então fazer o encontro de contas com o Estado, que só na porta de entrada do pronto-socorro identificamos R$ 2,1 milhões favoráveis ao HBR", diz Milbratz ao relatar que o Estado não aceitou o acordo e que seria descontado do valor referente à auditoria. "Todos os hospitais recebem um valor de incentivo e esse valor deixou de ser repassado por um período em 2015 e neste ano, o montante não é recebido desde abril. Hoje o HBR conta com uma dívida de R$ 7, 8 milhões".
Este assunto levou a direção do HBR à Câmara de Vereadores no mês de outubro. De acordo com Milbratz o HBR não tem um caixa para pagamento do 13º salário e um terço de férias dos funcionários. "Fui lá e disse que não tinha esse recurso e para que o Legislativo e o Executivo auxiliem", frisa o presidente do HBR.
O presidente da Câmara de Indaial, Santo Antônio, explica que existe uma lei que dá direito de uma pessoa, que não do Legislativo, requerer um espaço na tribuna livre para falar de um assunto específico. "Milbratz requereu este tempo, que foi concedido na ocasião para pedir o apoio da Câmara de Vereadores para ajudar com recursos no pagamento do 13º salário do quadro funcional do HBR", explica Santo Antônio.
A Câmara de Vereadores dispõe de uma quantia em dinheiro proveniente das economias que vem sendo realizadas pelo Legislativo durante o ano. Essa "sobra" é devolvida ao Poder Executivo, que destina o valor para onde achar necessário. "Eu disse na ocasião para o presidente do HBR, combinar com o prefeito, que a Câmara tem o valor necessário para auxílio o Hospital, dinheiro que nós economizamos, que gira em torno de R$ 1,9 milhão. Se depender da Câmara de Vereadores de Indaial o Hospital não vai ficar sem o 13º", pontua o presidente do Legislativo.
Segundo Milbratz, o Hospital tinha a promessa que receberiam esses valores do Estado ainda este ano, mas ainda não foi obtido nenhum retorno. "Enquanto tal situação não se resolvesse, foi sugerido para que todos os vereadores concordassem em colocar a situação ao prefeito para que repassasse do valor, em torno de R$ 400 mil, que posteriormente poderia ser devolvido à Prefeitura se o repasse do Estado fosse pago". Santo Antônio ainda ressalta que já é feito um repasse ao Hospital. "A Prefeitura já ajuda mensalmente desde a administração de 1993/1996, que inicialmente começou com R$27.000,00 de repasse e agora já passa da casa dos R$600.000,00".
Será enviado um documento ao prefeito municipal André Moser nas próximas semanas, referentes à solicitação do valor para pagamento do décimo terceiro e um terço das férias do quadro funcional do HBR. Se o prefeito der o aval para o repasse de recursos, é enviado um projeto para a Câmara de Vereadores que assina e aprova a destinação do valor para a casa de Saúde. Atualmente, cerca de 240 funcionários, contando com o corpo médico, trabalham no HBR.
Deixe seu comentário