Nanci Merizi Moskorz destaca os detalhes escondidos no cotidiano através da fotografia
INDAIAL - A essência da arte de Nanci Merizi Moskorz é a intuição. Talvez a capacidade de enxergar os detalhes que passam despercebidos para muitas pessoas tenha vindo de berço, já que toda sua família tem uma veia artística. A mãe de Nanci é a reconhecida pintora Nini, que recebeu o primeiro elogio da carreira de Lindolf Bell.
Em comum com a mãe, ela tem o fato de ter iniciado a viagem pelos caminhos da arte após os 40 anos de idade e, assim como Nini, ter cativado o olhar de artistas já renomados e ser reconhecida no meio.
A fotógrafa refuta o título de artista e diz que todo seu trabalho se baseia em instinto. "A fotografia é um reviver. Através dela a beleza e o encanto se perpetuam", define Nanci ao explicar que sempre teve paixão pela área, mas só se dedicou a ela após muito tempo.
A primeira câmera foi uma compacta simples, presente do marido. Como uma amiga de Nanci definiu certa vez, foi com ela que a fotógrafa fez "miséria". O primeiro público a ter a honra de acompanhar os trabalhos dela foram os usuários do aplicativo "Flickr". Depois esse privilégio se expandiu para aqueles conectados no aplicativo português "Olhares", isso em 2006. "As pessoas começaram a comentar os meus trabalhos, o que me deixou muito feliz. Em seguida comecei a mostrar as fotos para os meus amigos e diante da animação deles também me empolguei".
A partir de então ela resolveu fazer um curso básico de fotografia na Fundação Indaialense de Cultura (FIC), ministrado pelo professor e fotógrafo Charles Steuck. Ela conheceu então o presidente da Confederação Brasileira de Fotografia, Sidney Luiz Saut. "Ele gostou do meu trabalho, gostou e me convidou para entrar para o Foto Clube de Santa Catarina. Foi lá que fiz meu segundo curso, desta vez com o fotógrafo Marcos Sander".
Foi também através do Foto Clube que Nanci começou a participar de exposições e concursos, nos quais recebeu diversos prêmios como menções honrosas e uma medalha de prata no concorrido Salão Jauense Internacional de Arte Fotográfica. Para se ter ideia, o Foto Clube de Jaú é filiado à Confederação Brasileira de Arte Fotográfica (Confoto), que é membro da Federação Internacional de Arte Fotográfica (FIAP). Normalmente, participam deste salão cerca de 25 países, com uma média de mil ou mais fotos enviadas. "Depois disso já participei de outras cinco edições. O fato de entrar em um salão como este já é maravilhoso". Ela também participou da 7ª Bienal Brasileira de Cores, em Londrina, no Paraná .
Estúdio no quintal de casa
Para Nanci a fotografia é um prazer, uma alegria, um hobby levado a sério, mas com certa leveza. "Não conheço todos os recursos da câmera, sou um tanto preguiçosa para manuais e não utilizo inúmeras técnicas. Para mim é mais uma questão de olhar, de impulso, de momento".
O que mais gosta de capturar com as lentes é a natureza em suas mais diferentes formas, buscando sempre evidenciar detalhes e, quem pensa que ela realiza inúmeras viagens para conseguir o diferencial em suas fotos está enganado, o principal estúdio de Nanci é o quintal de casa. "Eu ando ali por perto de casa, às vezes vou para o jardim e procuro uma flor diferente, um inseto, algum detalhe diferenciado e fotografo. Além disso, nunca perco o pôr do sol. Creio que tudo o que fotografo tenha que ter um pouco da minha alma", define.
Além disso, as pessoas e os ensaios criados com diversos elementos (luzes, latas, tampas) integram o trabalho da fotógrafa, que não gosta de ser chamada de artista, mas que empresta seu olhar aguçado para capturar e perpetuar a beleza e o encanto.
Alegria no reconhecimento
Nanci mora em Indaial há 30 anos. Ela sempre gostou muito de fotografia, mas com o casamento e nascimento dos dois filhos resolveu deixar a paixão de lado por certo tempo. Ainda assim, o reconhecimento pela sensibilidade exposta em suas fotos não tardou a chegar. "Seu empenho na busca de detalhes da natureza envolve a captação em fotos das mínimas, mas assombrosas facetas deles. Sua criatividade refletida em mais de mil obras consegue obter efeitos que em muitas delas alcança o abstracionismo.Instintivamente ela obedece às regras da composição clássica o que reflete a sua cultura provavelmente vinda do berço", definiu Sidney Luiz Saut.
Palavras de incentivo vieram também do mais reconhecido fotógrafo Mário Holetz. "Ele era uma pessoa maravilhosa. Certa vez estava revelando fotos próximo a ele e começou a brincar comigo, dizendo que não estava gostando nada daquilo", relembra Nanci com um sorriso.
A fotógrafa conta que nunca recebeu nenhum retorno financeiro pelo trabalho e nem busca isso. "Para mim é a alegria de fotografar. O que me motiva é o reconhecimento das pessoas, o que minhas fotografias provocam nelas, este é o meu combustível".
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