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Setembro Amarelo: Falar é a melhor opção

Prevenção ao suicídio é o tema central da campanha que visa intensificar o debate e conscientização

INDAIAL - Assim como em todos os meses do ano, o setembro também possui uma cor: o amarelo. Desde 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, lembrado no dia 10 de setembro, a data e também todo o mês, passou a ser dedicado ao debate e conscientização sobre essa temática. A campanha passou a ser promovida aqui no Brasil em 2015, pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) com o intuito de conscientizar as pessoas sobre a prevenção do suicídio.

A ênfase dedicada ao tema ao longo do mês de setembro contribui para que diversas entidades (públicas e privadas) possam quebrar tabus, compartilhar informações e propor diálogo acerca do suicídio, saúde mental e a importância de falarmos sobre o que sentimos.

"Sobretudo, a importância do escutar, reconhecer o sofrimento do outro sem julgamentos. Muita gente ainda acredita que depressão, sofrimento psíquico e suicídio são sinônimos de fraqueza, frescura, falta do que fazer, falta de Deus? e isso não é verdade. A pessoa que chega ao ponto de desejar encerrar a própria vida, não está desejando a morte em si, mas o fim de seu sofrimento e angústia", destaca a psicóloga e psicanalista em formação, Raquel Peyerl, que atua nas cidades de Indaial e Blumenau realizando atendimentos com crianças, adolescente e adultos.

De acordo com o CVV, só no Brasil, cerca de 32 pessoas se matam por dia. E considerando que a OMS aponta que o suicídio é prevenível em 90% dos casos, é preciso buscar informações, formas e meios para identificar sinais, prevenir e tratar o suicídio como questão de saúde pública.


Mas porque falar é a melhor opção

A profissional comenta que hoje em dia, a tristeza está cada vez mais banalizada. Encontrar espaço, tempo e lugar para o sofrimento se torna cada vez mais difícil. "Ser feliz o tempo todo virou um imperativo social, (um reflexo disso são as idealizadas postagens "perfeitas" das redes sociais). Não há tempo para prestar atenção no que se sente, tempo para se escutar, quanto mais escutar o outro. Como Freud já dizia: "Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro".

Mas, vale lembrar que nós, como seres humanos, estamos sujeitos a sermos afetados, pois experimentamos sentimentos e emoções ao longa da vida, como alegria, tristeza, frustração, dor, perda e luto. "Assim, enquanto seres de linguagem precisamos expressar nossos afetos, especialmente nossos sofrimentos, transformá-los em palavra, esvaziá-los o quanto possível da angústia e fazê-los circular por outras saídas. E isso só é possível quando há um lugar de fala", enfatiza Raquel.

Mas, mais importante do que falar, é escutar o outro. Escutar é dar possibilidade de falar, é acolher, dar apoio, sem reduzir ou julgar a dor do outro. A profissional aponta que geralmente as pessoas dão inúmeros sinais antes de cometer o suicídio, e escutar é uma forma de detectar que algo não está correndo bem. "Quem está sofrendo e pensando em tirar a própria vida, não faz isso de uma hora para outra. Inclusive, de forma consciente ou não, busca ajuda. Fala direta ou indiretamente de como não aguenta mais viver da forma que vive, da desesperança perante à vida ou de como seria melhor se não estivesse mais ali".


A juventude deve ser lembrada

 Cada pessoa sofre por motivos bastante particulares, mas há fatores de risco que reforçam a probabilidade do ato, que podem variar de uma crise financeira e estresse à falta de vínculos afetivos. Na cultura, literatura e cinema temos muitas obras que abordam a temática do suicídio, especialmente relacionada à juventude, um período que pode ser muito angustiante, onde os adolescentes encontram-se mais vulneráveis devido a uma série de mudanças e questionamentos acerca de seu posicionamento perante os ideais sociais e parentais.

Recentemente, a série "Os 13 Porquês" produzida pela Netflix, trouxe o tema para discussões nas escolas, lares, universidades e a diversos espaços, considerando fatores importantes no processo do adolescer, como sexualidade, autoestima, relação com a família e problemáticas como o uso de álcool/ drogas, exposição nas redes sociais e suicídio decorrente de Bullying e Cyberbullying, além de abuso sexual.

 "Uma boa comunicação entre os adolescentes, amigos, familiares, e escola é fundamental, mas não podemos nos esquecer de permanecer atentos, oferecer nossa escuta de forma sincera e valorizar a fala do outro. Aprender e transmitir a necessidade de se falar sobre o que sentimos, desconstruir estigmas e preconceitos sobre as modalidades humanas de sofrimento é nosso papel enquanto seres sociais", explica.

Cabe ressaltar que não basta apenas boas intenções, simpatia em ouvir as pessoas. "Frases motivacionais também não são muito adequadas à situações que envolvem ideações suicidas. A melhor opção é o encaminhamento a profissionais capacitados que possuem escuta qualificada para intervenções", ressalta.


Ajuda

Escute. Fale. Se você precisa de ajuda ou conhece alguém que deseja falar sobre qualquer sofrimento, angústia ou ideação suicida, procure um profissional da área, o CAPS ou a Unidade Básica de Saúde mais próxima. O CVV também atende gratuitamente e de forma sigilosa, através do número 188, ou acesse www.cvv. org.br e veja as formas de atendimento que o CVV disponibiliza. Porque falar é sempre a melhor opção.


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