O insustentável transporte público de Indaial

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André Giovanella -
Prestadora do serviço e Prefeitura explicam quais os principais problemas enfrentados
INDAIAL - O vai e vem de estudantes, trabalhadores e idosos no terminal urbano de Indaial - que funciona de forma precária no mesmo espaço em que a rodoviária - expõe uma série de fragilidades do transporte coletivo. Frota antiga, incompatibilidade entre o preço da passagem e o custo total do serviço e a instabilidade da relação entre administração pública e empresa são os principais problemas apontados pela prestadora do serviço, a Auto Viação Rainha, e pela Prefeitura de Indaial.
Atualmente, a operadora dispõe de uma frota composta por 14 ônibus (11 deles operando e três reservas) e dez linhas para atender ao município. De maio de 2016 a abril de 2017, uma média mensal de 79,6 mil pessoas utilizaram o serviço. Este número, no entanto, não pode ser considerado para fins de cálculo do preço da passagem, pois apenas 38.489 deles pagam o preço integral, outros 29.557 têm direito a 50% de desconto e 4.931 usufruem da gratuidade. Portanto, se consideradas todas estas variações, são contabilizados apenas 53.267 passageiros (denominados como passageiro equivalente).
O gerente administrativo da Rainha, Célio Roberto Hostin, explica que a empresa não recebe nenhum tipo de subsídio da Prefeitura e que, com o atual número de passageiros em relação à tarifa praticada - R$ 3,95 - o déficit mensal fica em R$ 75.639,14. "O transporte público de Indaial é inviável", afirma. Ele ressalta ainda que para que a operação apontasse números positivos, seria preciso aumentar a tarifa para no mínimo R$ 5,37. Com um detalhe a considerar, este valor foi calculado em maio deste ano, porém, com a frota defasada e o preço do combustível tendo aumentado R$ 0,36 por litro, a passagem precisaria ultrapassar os R$ 6.
Decreto
O chefe de Gabinete, Manoel Boaventura, esclarece que atualmente o transporte é operado através do Decreto 879/2006. "Em 2016 a Administração anterior lançou um edital de licitação, mas este foi julgado com vícios pelo Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina e não pôde ser usado", detalha.
A atual administração precisa agora cumprir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que determina o prazo de 18 de dezembro de 2017 para o lançamento de um novo processo licitatório.
Medidas
Boaventura diz que a Administração atual está trabalhando desde o início do ano em um novo formato, mais moderno e que atenda também a questão da acessibilidade. "O modelo atual é arcaico, a conexão entre os bairros é ruim, não beneficia quem depende do transporte público. Percebe-se que quem mora em localidades mais distantes, em alguns casos, perde oportunidades de emprego porque o ônibus não passa".
Frota e terminal
Hostin confirma serem antigos os veículos utilizados, a grande maioria com mais de 15 anos de uso. "A resposta para o questionamento sobre o motivo pelo qual não renovamos a frota é: não é viável. Com este déficit mensal, não temos como investir em novos veículos".
Ambos os lados abordam também os problemas enfrentados pelos passageiros por conta da configuração de funcionamento do terminal rodoviário. "Quando há mais de três ônibus realizando o baldeamento no local, os passageiros precisam enfrentar a chuva para possíveis trocas de linha. Além disso, por conta da "muvuca", é preciso disponibilizar um funcionário que sinalize as manobras aos motoristas, pois há risco de atropelamento", diz Hostin. Boaventura ressalta que a rodoviária também é um item que está em estudo pela Administração, para análise de possíveis melhorias.
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