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Mês da conscientização da perda gestacional

  • Divulgação -

Psicóloga fala sobre o tema e a importância da ajuda profissional para superar a dor do luto

INDAIAL - Além da campanha de conscientização sobre o câncer de mama e colo de útero, o mês de outubro também é um período onde é trabalhado outro tema, a perda gestacional, lembrado mundialmente no dia 15. De acordo com a psicóloga e psicanalista em formação, Raquel Peyerl, que atua nas cidades de Indaial e Blumenau, o tema é polêmico e envolve a morte, que por si só em nossa cultura constantemente é tido como um tabu. "Tratando-se ainda de uma morte precoce, um bebê, um feto, um ser tão esperado, o tabu pode tomar maiores proporções, fazendo com que nem sempre o processo de luto ganhe o espaço devido para sua elaboração", completa.

Existem três tipos diferentes de perdas gestacionais. Quando acontece até a 22ª semana de gestação é chamada de aborto espontâneo ou perda gestacional precoce. Conforme informações da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), caso a perda gestacional aconteça da 22ª semana até a 36ª semana, os médicos consideram que foi o parto prematuro de um natimorto. A partir da 36ª semana em diante, se o bebê morre no útero materno, há uma perda gestacional tardia.

"Quando uma criança é desejada, antes mesmo de ela nascer, seus pais já constroem toda uma expectativa de futuro, toda uma idealização do 'vir a ser' dessa criança. Assim, o filho já vem ao mundo atendendo, em primeiro momento, o desejo desses pais, dessa família, que contribuirá a partir disso para que esse também se constitua como sujeito", explica a profissional.

Mas quando essa idealização é abruptamente quebrada - não com a falha natural ou com o real da vida - mas rompida com a morte, o vazio e falta de sentido advém com intensidade equivalente. "Cada pessoa tem sua própria forma de lidar com as perdas, com a vida, com a morte. Assim como cada pessoa tem - e merece - seu próprio tempo para sofrer, recordar e elaborar seu luto. Fingir que está tudo bem, ou tamponar o sofrimento não é o melhor caminho. Culpabilizar os pais, pensar ou sugerir a substituição do filho perdido com uma nova gestação, menos ainda", explica Raquel.

A profissional ainda diz que as transformações emocionais e físicas que a gravidez proporciona não podem ser ignoradas. "E assim como o bebê vivo que vai para casa nos braços dos pais muitas vezes já possui um nome, o que não pode mais ser pego nos braços e deixou o frio vazio da perda também pode ter. A dor de quem sofre deve ser respeitada. E essa dor precisa ter lugar e espaço para ser sentida, falada e posteriormente seguir por outros caminhos menos dilacerantes. Esquecer não é possível. Seguir em frente apesar da perda, sim".

Para trabalhar esse sofrimento, as pessoas podem contar com profissionais habilitados, como os psicólogos em psicoterapia individual ou de grupo e com as doulas especializadas no acompanhamento e suporte emocional durante e posteriormente à gestação. "A escuta qualificada pode ajudar e muito o sujeito a permitir-se escutar a si próprio e a permitir-se falar de seu sofrimento, falar desse que partiu, ou que ainda está partindo", lembra

A psicóloga ainda exemplifica um documentário que trabalha essa questão, "O segundo sol" (2015), que a partir de casos reais, mostra a importância de reconhecer a perda gestacional como legítima, assim como a possibilidade de transformar o intenso sofrimento em algo que possa ser compartilhado, socializado e concomitantemente que possibilite uma elaboração da perda. "Não que essa venha a ser esquecida, mas que possa ter lugar e ser reconhecida", finaliza.

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Produção científica, por Carlos Chiodini

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