Em Santa Catarina, mais de 1,7 milhão de toneladas de resíduos são produzidas por ano
INDAIAL - Em média, cada pessoa produz cerca de um quilo de resíduos sólidos por dia, uma quantidade assustadora se levarmos em conta que todo este material precisa ser "digerido" pelo nosso ecossistema de alguma forma. "Precisamos lembrar que não existe "fora" quando "jogamos o lixo fora", tudo continua dentro do planeta. Mas o planeta não aumenta de tamanho, ao passo que todo ano são geradas de 7 a 10 bilhões de toneladas de resíduos sólidos no mundo todo", destaca a especialista em jornalismo socioambiental, Letícia Maria Klein.
A reciclagem e correta destinação dos resíduos sólidos e orgânicos é essencial, porém, muito mais do que isso, o importante é reduzir a produção. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a reciclagem não é, nunca foi e talvez nunca seja suficiente sozinha, pois não existe tecnologia nem viabilidade econômica para reciclar tamanha quantidade. "O documentário "A história das coisas" diz que para cada um saco de resíduos que produzimos em casa, outros 70 foram produzidos na indústria, então só a coleta seletiva municipal, mesmo que reciclasse 100% do potencial gerado, não cobre tudo", exemplifica Letícia.
Então, o primeiro passo é evitar a geração destes resíduos. Para isso, é possível adotar uma série de medidas que podem impactar também na redução de gastos. Leticia explica que a Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê uma prioridade na gestão dos resíduos, que vai desde a não geração até a disposição em aterro sanitário. "De forma didática, podemos falar em 5 Rs: recusar, reduzir, reutilizar, reciclar, reintegrar à natureza. É interessante a pessoa fazer uma análise do que gera de resíduos sólidos, pode ser por semana, e a partir de então ver como pode reduzir a quantidade do que produz".
- Recusar: tudo que gera lixo (que não pode ser reaproveitado) ou mesmo resíduos sólidos. Para isso, podemos recusar a segunda via do cartão de crédito, folhetos entregues nas ruas, correspondências, sacolas plásticas (usar sacola ecológica); fazer compras a granel levando os próprios potes e saquinhos de pano, assim se evita embalagens. Muito do que consumimos vem em embalagens que não são reaproveitadas na região, como isopor, BOPP (aquela embalagem do salgadinho, chocolate, barra de cereal, batata palha, rótulo da garrafa PET etc), então podemos evitar comprar o que vem nesses materiais.
- Reduzir: o consumo do que usamos, assim economizamos e estendemos a vida útil dos produtos. Aqui entra reduzir o uso do papel, por exemplo, usando os dois lados da folha e os meios digitais. A ideia é que se não dá para evitar o uso, o melhor é usar o menos possível.
- Reutilizar: usar embalagens plásticas e metálicas para outros fins, consertar roupas e brinquedos danificados, transformar roupas muito velhas em panos ou bolsas; enfim, dar outro uso para não precisar descartar o resíduo nem comprar algo novo que pode ser suprido com a reutilização.
- Reintegrar à natureza: fazer compostagem dos resíduos orgânicos em minhocário, composteira ou mesmo enterrando no jardim. Cada sistema tem suas peculiaridades, mas de forma geral, é possível compostar tudo que vem da terra, como frutas, verduras, casca de ovo, borra e filtro de café, guardanapo usado, saquinho de chá, folhas e podas de árvores.
- Reciclar: enviar para a coleta seletiva todos os materiais recicláveis que sobraram, depois de se fazer os passos anteriores. Papel, plástico, metal e vidro e combinações (mas lembrando que quanto maior a combinação desses materiais num mesmo produto, mais difícil e cara é a reciclagem). É importante lembrar que os materiais recicláveis devem estar limpos, secos e organizados para que o potencial de reciclagem aumente; além disso, são pessoas que mexem com os resíduos, então é preciso ter consideração e respeito com elas. De forma geral, embalagens plásticas e metálicas devem ser amassadas (para aumentar a quantidade de resíduos por coletor) e podem ser colocadas juntas. Papéis também podem ir junto, mas o ideal é que se junte uma quantidade para caber numa sacola ou caixa e deixá-los retos, sem fazer bolinha ou amassar (assim cabem mais e eles não se perdem na esteira de triagem). Vidros devem ser separados pois podem machucar, especialmente se estiverem quebrados; nesse caso, devem ser embalados numa caixa ou jornal e identificados com a frase "vidro quebrado".
Santa Catarina
Em Santa Catarina são produzidos mais de 1,7 milhão de toneladas de resíduos sólidos por ano, uma média de 0,73 quilos por habitante. A cobertura de coleta convencional no estado chega a 93,5 %, os outros 6% correspondem, provavelmente, a resíduos orgânicos produzidos na área rural, que acabam sendo compostados. Além disso, um índice muito baixo deste material, de apenas 0,5%, acaba em depósitos ou lixões legais. "Santa Catarina é, oficialmente, o primeiro e único estado brasileiro até o momento a ter somente aterro sanitário, ou seja, não possui aterro controlado nem lixão". Outro dado interessante é que 125 municípios, cerca de 60%, possuem coleta de materiais recicláveis.
Brasil
Confira abaixo um comparativo entre os dados extraídos de duas pesquisas realizadas anualmente no país. Uma delas é o Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos 2016, do Ministério das Cidades (anual, mas ainda não atualizado referente a 2017), a outra é do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2016, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) (também anual).
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