Bugios sinalizam o vírus da febre amarela

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Amanda Bittencourt -
Por terem sistema imunológico não adaptado para combater a doença, poucos dos primatas picados, sobrevivem
INDAIAL - Após a informação da Vigilância Epidemiológica de Timbó, que confirmou a morte de dois macacos no município, que poderiam ter contraído a febre amarela, acendeu um alerta em toda a região sobre a doença. Ainda não foi confirmada a causa do óbito dos primatas, mas como forma de prevenção a população deve se vacinar.
Por essa razão, nossa redação foi conhecer um pouco sobre um projeto que vem sendo desenvolvido em Indaial, Centro de Pesquisas Biológicas de Indaial - Projeto Bugio (Cepesbi), para mostrar um pouco do trabalho desenvolvido e sanar dúvidas sobre com a febre amarela.
A febre amarela é uma doença transmitida por mosquitos infectados com o vírus. Se um destes insetos picar um bugio, a probabilidade do animal morrer é alta. "O sistema imunológico do bugio não está adaptado para reagir à febre amarela e não tem condições de conseguir sobreviver ao vírus. Tanto que a mortalidade desses animais é alta, e pouquíssimos animais sobrevivem", explica a bióloga e técnica de manejo dos animais, Aline Naíssa Dada.
Por isso os primatas acabam sendo um sinalizador, nos avisando que o vírus está circulando naquela área. Aline alerta dos procedimentos que a população deve fazer quando encontrar um bugio, macaco prego ou até um sagui morto, que são as espécies de primatas que vivem nesta região. É preciso avisar a Vigilância Epidemiológica, que irá coletar o material biológico do animal e o encaminhará para os laboratórios de referência do Ministério da Saúde, onde as amostras serão analisadas para a presença ou não do vírus da febre amarela".
Ela ainda enfatiza que o procedimento deve ser realizado mesmo quando se sabe a causa da morte do animal, que na maioria das vezes é eletrocussão, atropelamento ou mordedura de cães. "Mesmo quando você sabe o que aconteceu, não tem certeza se foi apenas aquele fato que causou a morte dele. O animal pode ter se exposto a um risco maior, por estar contaminado com o vírus, com febre e dor, não conseguindo se locomover normalmente, não conseguindo ter as reações adequadas para fugir daquele perigo''.
"Não há nenhum tratamento ou proteção para os macacos. Uma vacina está sendo desenvolvida, mas ainda está em fase de estudos", finaliza a bióloga.
Hoje, 50 animais vivem no criadouro do Cepesbi, que está com lotação máxima de primatas. Para a proteção destes animais, está sendo montado uma estrutura para telar os recintos como forma de proteção. "Até semana que vem, vamos telar todos os recintos onde estão os bugios, para que fiquem protegidos e não tenham contato com os mosquitos", comenta Aline.
Dos animais que estão lá, em maioria, são encontrados pela população ou são apreendidos em cativeiros ilegais pelo Ibama ou Polícia Ambiental. Muitos deles não possuem mais condições de retornar à natureza, pois chegam muito machucados, debilitados ou filhotes.
Projeto Bugio
O projeto tem como objetivo desenvolver e conhecer o máximo possível sobre a espécie do bugio ruivo e vem atuando no município desde 1991, quanto iniciaram-se os primeiros estudos acerca dos primatas na região, em seu habitat natural. Esta atividade gerou subsídios para a manutenção de bugios em cativeiro e viabilizou a implantação de um criadouro científico, oficializado pelo Ibama em 1996.
A estrutura física, hoje possui 27 recintos, compostos por área fechada e aberta, enriquecidos com troncos e mangueiras de bombeiro; um ambulatório para atendimentos emergenciais equipado com aparelho de anestesia inalatória e raio x portátil; uma cozinha para armazenamento e preparo dos alimentos e escritório.
Mais de 15 pessoas trabalham no Centro, que é mantido por meio de um convênio entre a Prefeitura Municipal de Indaial e a Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB).
Vacinação
A Vigilância Epidemiológica de Indaial, constatou um aumento na procura pela vacina contra a febre amarela nos últimos dias, sendo aplicadas 1.489 vacinas só neste início de ano. Campanhas nas redes sociais vem sendo realizadas e ações para aplicações da vacina em empresas, hospital para funcionários. Também haverá vacinação no presídio.
A Secretaria de Saúde de Indaial comunica que podem ser vacinados os munícipes com idade entre 9 meses a 59 anos. Quem tem acima de 60 anos recebe a vacina somente com prescrição médica. "A vacina é a forma mais eficaz para evitar a doença. Ela é gratuita e está disponível em nossas unidades", enfatiza a enfermeira e coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Sabrina de Vargas Souza.
Não foi registrado nenhum caso confirmado da doença em Santa Catarina neste ano. Contudo no dia 29 de janeiro foi confirmado um caso no município de Antonina, litoral do estado do Paraná. A proximidade com nosso estado, deixa o setor de Saúde em alerta.
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