Desde o início da pandemia, os alunos da Associação de Pais e Alunos dos Excepcionais (Apae) de Indaial, vêm realizando suas atividades de forma remota, para assegurar a saúde dos alunos, pais e técnicos da entidade. Isso também inclui os atendimentos relacionados ao projeto de Atividades da Vida Diária (AVDs) e Atividades da Vida Prática (AVPs), de habilitação intelectual dos alunos.

Para falar do atendimento desse projeto a terapeuta ocupacional, Camila Espindola Schultes, explica como têm funcionado os acompanhamentos online e os benefícios destas atividades na evolução e maior autonomia dos monitorados.

Os 129 alunos que frequentam a Apae hoje, juntamente com seus responsáveis, tem recebido esse acompanhamento que vem sendo feito através do envio semanal de vídeos, realização de vídeochamadas e tele-monitoramento por aplicativo de mensagens de segunda a quarta-feira.

Camila relata que nas atividades enviadas semanalmente é trabalhado o tema da autonomia dentro do ambiente da cozinha, os vídeos são produzidos para incentivar as famílias a perceberem as capacidades dos alunos, sendo esse o objetivo geral da iniciativa.

A profissional menciona que estas atividades abrangem a mobilidade funcional, os cuidados pessoais; comunicação funcional; administração doméstica (preparo de alimentos, organização e limpeza da casa, segurança doméstica, reparos domésticos); a capacidade para a vida em comunidade (relacionamento); a administração de tecnologias assistidas (uso dos talheres, de tesouras, do telefone, do rádio, do computador adaptado); administração de dispositivos ambientais (uso de ferramentas e instrumentos de ação sobre o ambiente, consertos básicos). "Ou seja, tudo aquilo que envolve o nosso fazer do momento em que acordamos até o momento em que vamos dormir", menciona Camila.

Camila ainda destaca que o ensino e a aprendizagem da maneira de realizar e resolver efetivamente tarefas rotineiras ou eventuais pela pessoa com deficiência traz, não somente para si, efeitos benéficos que ultrapassam as fronteiras do presente e do físico, mas abarcam o futuro e suas (re)ações afetivas, emocionais, intelectuais e sociais.

"Entre tantas razões que justificam a existência e a aplicabilidade deste projeto, é possível destacar como chaves motivadoras os seguintes pontos: aquisição da autonomia; desenvolvimento de habilidades e papéis sociais; mudança de hábitos e do próprio estilo de vida; busca da solução de problemas e de situações do cotidiano; veiculação e articulação dos conteúdos pedagógicos; elevação da autoestima e redução do isolamento social; fortalecimento do sentimento de competência e estabelecimento de relacionamentos fundamentados na afetividade e não em situações de dependência", conclui a profissional.

As atividades do projeto tiveram início em 2019 com ações dentro do ambiente da cozinha e refeitório da Apae, que foi todo reestruturado e readaptado com mobiliário e eletrodomésticos novos para uso exclusivo dos alunos.

Atendimento da Apae

Atualmente, a Apae Indaial atende 129 alunos, com idades entre 6 meses e 70 anos, portadores de deficiência intelectual e múltipla. Os alunos são atendidos nos turnos matutino, das 7 às 12h, ou vespertino, das 13 às 17h. A Apae de Indaial conta com o trabalho de seis técnicos: assistente social, terapeuta ocupacional, médico neuropediatra, psicóloga, fonoaudiólogo e fisioterapeuta, todos os funcionários da instituição, além da equipe pedagógica cedida pela Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE).