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Reincidente

Responsável por agressão presta depoimento

  • Divulgação - Professora Marcia precisou de sutura na altura do supercílio após ser agredida por aluno

Adolescente que agrediu professora em Indaial será suspenso até conclusão do caso

INDAIAL - O jovem de 15 anos responsável por agredir a professora Marcia Friggi prestou depoimento à Polícia Civil na tarde desta quarta-feira, dia 23. Segundo o delegado José Klock, responsável pelo caso, o adolescente expôs sua versão dos fatos e se mostrou bastante arrependido. "Não deveria ter feito, foi mal, foi mal", narra Klock. Ainda conforme informações do delegado, o aluno disse ter se sentido ofendido pela forma com a qual foi abordado pela professora e, por este motivo, teria se exaltado. Ele esteve acompanhado pela mãe durante o testemunho. Klock explica que o depoimento de mais duas testemunhas devem ocorrer hoje, dia 24, e que o auto deve ser concluído até o fim desta semana.

Ainda na tarde desta quarta-feira outra importante decisão foi tomada após reunião entre o secretário de Educação de Indaial, Ozinil Martins de Souza e a promotora de Justiça, Patrícia Dagostin Tramontin. Ficou determinado pela Secretaria de Educação que o estudante será suspenso até que a Promotoria da Infância e Juventude de Indaial conclua o processo. Patrícia informou, em entrevista ao jornal Zero Hora, que o jovem já cumpriu, em 2016, medida socioeducativa de serviço comunitário por violência contra um colega de classe. Ela diz que houve registro de violência doméstica contra a mãe, mas que não foi confirmada. A promotora afirmou ainda que deve tomar medidas duras por conta da reincidência.

Professora quer evitar mais atos de violência

A semana que deveria ser rotineira para a professora Marcia, 51 anos, foi completamente transformada após a inesperada atitude do aluno, que deixou marcas difíceis de se apagar. O desentendimento que iniciou por conta de um livro e terminou com um soco no olho direito entrou para a história de Indaial de forma negativa - como o primeiro caso de agressão física contra um educador de que se tenha registro, e reacendeu a discussão em todo o país acerca da violência sofrida em sala de aula pelos educadores. Segundo uma pesquisa global da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ocupa o desonroso primeiro lugar em um ranking de violência em escolas. "Não sei se voltarei para a sala de aula. A violência física a gente nunca imagina, embora eu saiba que não sou a primeira", define Marcia.

O depoimento dela à Polícia Civil ocorreu na terça-feira, dia 22 e, segundo Klock, foi basicamente o que já havia relatado no boletim de ocorrência. Acrescentou, porém, terem sido mencionados os ataques sofridos nas redes sociais e opção por ficar mais reservada, justamente para evitar mais atos de violência. Ela também disse ao delegado que não deseja que haja represálias contra o adolescente. Nossa redação entrou em contato com Marcia ainda na segunda-feira. Ela informou no fim do dia que não tinha condições de falar e explicou que concederia entrevista após o meio-dia de terça, porém, pouco depois das 13h30min, a filha de Marcia entrou em contato conosco informando que a mãe estava passando mal e precisaria cancelar a entrevista. De lá para cá, não conseguimos novo contato.

Em conversa com um veículo de imprensa da região, Marcia descreveu a difícil situação vivida pelos professores brasileiros, que já se acostumaram a sofrer xingamentos por parte dos alunos e que as agressões físicas estão se tornando comuns. "Pesquisei e vi quantos professores estão sendo agredidos fisicamente hoje no Brasil, mais do que eu imaginava, isso é apavorante!", define. Ela ainda pondera que será preciso um esforço conjunto para mudar esta realidade. "A escola sozinha não faz nada, precisamos, no mínimo, em conjunto com a família. E com o apoio da sociedade e da mídia seria muito melhor. É preciso um resgate da valorização da educação, da cultura, do respeito ao professor, de valores. Porque um povo sem educação e sem cultura, o que será de nós? Olhem o resultado em que nós estamos no ranking da educação e da indisciplina, então isso precisa ser repensado".

A agressão

Tudo aconteceu próximo às 10h da manhã de segunda-feira, dia 21. A professora conta que o aluno estava com o livro sobre as pernas e ela pediu que ele o pusesse sobre a mesa, a rapaz se negou e xingou a professora, que pediu que ele se retirasse da sala e seguisse para a diretoria, antes de sair, ainda jogou o livro contra a educadora. Já na sala da diretoria, enquanto ela relatava o ocorrido, o jovem a chamou de mentirosa e a agrediu com tapas e socos, o último deles atingiu o olho direito e a jogou contra a parede. O caso aconteceu Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), onde Marcia dá aulas como professora contratada (ACT). Ela também é funcionária efetiva do governo do Estado.

Medidas

Na tarde de terça-feira, o prefeito de Indaial disse a nossa reportagem que o assunto "violência" será levado aos conselhos de educação. "Lamento profundamente o ocorrido. Vamos criar políticas públicas para estudar e prevenir casos como este", declara Moser.

Ainda em relação às ações a serem tomadas pelo município, o secretário de Educação explicou que o assunto será amplamente debatido com sua equipe para que ações sejam definidas. Souza elogiou a iniciativa da Escola Rudolfo Alfarth, que promoveu uma roda de conversa com os alunos na terça, para debater a violência. "Gostei bastante da ideia desenvolvida pela escola e estou pensando em expandir para as demais unidades de ensino".


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