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Esporte

Talentos lapidados com disciplina e graça

  • Janaina Possamai -

Ginástica rítmica leva atletas indaialenses a expandir os limites do próprio corpo para encantar ao representar a cidade

INDAIAL - O treino começa animado, dança para aquecer o corpo e os sorrisos, uma preparação para as horas seguintes que serão de extremo esforço físico em busca da sintonia entre corpo, música e aparelho, estamos falando de Ginástica Rítmica (GR). Mais precisamente, estamos falando da equipe de competição responsável por representar Indaial em duas das maiores competições esportivas estaduais: a Olimpíada Estudantil Catarinense (Olesc) e os Joguinhos Abertos de Santa Catarina.

Conquistando cada dia mais espaço, sobretudo após os expressivos resultados obtidos pela seleção brasileira da modalidade (capitaneada pela timboense Jéssica Mayer), a GR possui talentosas atletas em Indaial, que, sob o comando da coordenadora técnica Junilse de Freitas, prometem fazer bonito tanto na Olesc quanto nos Joguinhos, os dois objetivos que impulsionam as ginastas.

Para isso a equipe de competição, composta por 12 atletas das categorias pré-infantil, infantil e juvenil, intensificou os treinos. "Sabemos que é difícil equiparar a equipes que têm uma estrutura superior a nossa, como Chapecó, Florianópolis, Joinville e Blumenau, mas nós faremos o melhor possível para representar muito bem o nosso município", diz Junilse.

Desafios além do tablado

De acordo com a coordenadora, as principais dificuldades são a falta de um espaço para mais horas de treinamento e o orçamento reduzido. "A Fundação Municipal de Esporte (FME) nos ajuda com tudo o que pode, mas há diversas modalidades em Indaial que também precisam e merecem atenção. Então, vamos em busca de outras maneiras para custear as viagens, uniformes, aparelhos. Parte vem das promoções que realizamos, parte é bancado pelos pais e juntando isso ao que recebemos da FME conseguimos levar a equipe para as competições". Uma das grandes dificuldades da equipe indaialense é não dispor de patrocínio privado mensal. No entanto, uma parceria foi formada com empresas para a confecção do novo uniforme. "Colisão, Móveis Vanelli, Churrascaria Trevo, Movida e DJ Motos irão custear os novos uniformes. Além disso, as Lojas Hardt irão nos auxiliar para intermediar um desconto na confecção das peças", explica Junilse.

De acordo com a presidente da Associação de Ginástica Rítmica de Indaial (Agirdi), Thaís Caroline Rescarolli, a equipe teve um grande crescimento em 2017, com bons resultados. "Nosso maior desafio é que as meninas tem pouco tempo de treinamento em comparação às equipes maiores, que contam também com atendimento nutricional, psicológico, preparador físico e outros profissionais. Aos poucos estamos conseguindo novas conquistas, como mais dias de treinamento neste ano e uma professora de ballet". Atualmente a equipe conta com cinco professoras, um trabalho intenso, pois cada uma das atletas têm coreografias individuais, além dos dois conjuntos (um da Olesc e outro para os Joguinhos). Os treinamentos ocorrem nas segundas, quartas e sextas-feiras das 13h30min às 17h no ginásio, já às terças e quintas-feiras há duas horas de treinamento no Pame.

Thaís foi ginasta e brinca aos risos afirmando perceber o quanto era ruim na época ao assistir os treinamentos da atual equipe indaialese, que têm entre as integrantes a filha Isabela. "Ela adora, mesmo assim às vezes a gente tem que puxar a orelha. Sempre digo à Junilse que é necessário, pois assim elas sentem que podem mais".

Joias indaialenses 

Junilse conhece bem as dores impostas pelo treinamento exigente, o nervosismo diante de uma grande competição e a necessidade de cobrança para superar limites. "Se levarmos em consideração que atualmente as meninas começam a treinar aos quatro ou cinco anos, eu comecei tarde, com 12. Mesmo assim fui atleta da modalidade até os 19 anos. No ano em que iniciei na faculdade, a então treinadora pediu que eu assumisse a equipe indaialense. Aceitei o desfio e aqui estou há 25 anos. De lá para cá foram muitos estágios, cursos, enfim, uma busca constante por aprimoramento, pois a ginástica é pura prática", conta.  

Exigente, Junilse sabe que as ginastas indaialenses têm muito a oferecer. "Elas mesmas dizem que quando chamo a atenção elas despertam. Se estão sendo cobradas é porque podem entregar muito mais. Nós temos uma grande equipe e estamos desenvolvendo aos poucos, temos nossas limitações, mas sempre com muito trabalho. Tenho a certeza de que essas meninas representarão Indaial com muita dedicação".

Cobrança e resultado

"No começo doía bastante, tinha treinos em que a gente chorava. Mas quando começamos a treinar pesado tivemos uma diferença enorme, tem muitos movimentos que não conseguia fazer no ano passado e que nesse, depois dessa intensificação nos treinos, consigo", explica Luisa Elias, de 13 anos. Ela integra a equipe juvenil que disputará os Joguinhos Abertos e treina desde os cinco anos de idade. A jovem ginasta conta que irá competir utilizando os aparelhos massa e corda, no individual e conjunto, e que o segredo para combater a ansiedade é a união da equipe. "Quando estamos indo para a competição, vamos brincando e cantando para esquecer o nervosismo. Formamos uma família e antes das provas dizemos a nós mesmas que o que importa é a nossa união".  

Luisa entrou para a ginástica no mesmo dia que Jaqueline Motta. Uma amizade transportada do ginásio de esportes para a vida. Jaqueline já conquistou 11 medalhas e é apontada por Junilse como uma das atletas com grande potencial. "Uma ginasta chamada Jéssica foi na creche que eu frequentava, quando eu vi ela fazendo os exercícios me encantei. Fui para casa e pedi aos meu pais que me colocassem para treinar, tinha três anos". Hoje com 11 anos de idade, Jaqueline diz que pretende construir uma carreira pautada pela GR: "quero ser treinadora de ginástica", antecipa. Integrante da equipe da Olesc, competirá no individual e no conjunto. As ginastas e amigas concordam também em um aspecto, a competição em conjunto é a mais difícil. "Quando é só você e o aparelho, há apenas esses dois elementos para pensar. Já em conjunto é preciso prestar atenção a todas, ter sincronia nas trocas. Se uma erra, todas acabam errando, então é um pouco mais complicado", explicam as atletas.


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