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Dia das Mães

Coragem e amor nascem com Bruno

  • Janaina Possamai -

Jezzica conta como a chegada do filho prematuro transformou sua vida e de toda a família

INDAIAL - Bruno chegou ao mundo no dia 1º de janeiro de 2017, às12h15min, um momento que transformou para sempre as vidas da mamãe Jezzica Bratfisch e do papai Marcos. Bruno nasceu prematuro, com 26 semanas de gestação, cerca de cinco meses. Ao deixar o ventre de Jezzica, pesava 745 gramas e media 33 centímetros.

Iniciava então o período de cem dias internado na UTI Neonatal, em Balneário Camboriú, dias de muitas incertezas e crescente esperança. Mas, a luta pela sobrevivência do pequeno começou muito antes. Enfrentando sintomas desde o segundo mês de gestação, Jezzica sentia-se inchada, tudo foi erroneamente considerado normal até o momento em que ela precisou ser levada ao hospital no dia 23 de dezembro de 2016, quando foi apontado um quadro de pressão alta. A partir de então ela foi medicada, mas o tratamento duraria pouco.

No dia 26 de dezembro daquele ano o casal havia marcado uma viagem a Curitiba, mas por conta do trabalho, Marcos não conseguiu chegar a tempo de partir para a viagem e decidiram que a saída ocorreria na madrugada do dia seguinte. "Não consegui dormir durante toda a noite, mas não queria acordar ele porque estava cansado. Já eram cinco horas da manhã quando fomos para o hospital. Aquele foi o último dia em que viemos para casa naquele ano", conta Jezzica.

Um dia para evitar outros sete

Já no hospital, Jezzica teve uma reação alérgica a um medicamento aplicado e precisou ser transferida para Blumenau. Lá, não havia vaga para ela e foram longos 40 minutos aguardando dentro da ambulância na porta do hospital, até que um leito foi improvisado. Com ela estabilizada, começava a procura por um leito de UTI Neonatal para o caso de Bruno nascer. De Blumenau, Jezzica foi transferida para Balneário Camboriú, a previsão era de que ela fosse direto para a sala de cirurgia. No entanto, o médico responsável, especialista em gestação de alto risco, constatou que um parto naquele momento colocaria em grande risco as vidas de mãe e filho. Começava então uma espécie de corrida a favor do relógio. "O cálculo é mais ou menos esse, a cada dia na barriga da mãe, são sete dias a menos na UTI".  

Chegada de Bruno

A situação de Jezzica se agravou no dia 31 de dezembro e, após a realização de um exame, ficou constatada a necessidade de que o parto acontecesse o quanto antes. "Acompanhei o parto ao lado dela, vi meu filho nascer com o máximo cuidado dos médicos e ser levado imediatamente para a incubadora para evitar choque térmico. Em seguida, ouvi que ele dificilmente resistiria àquela noite e me perguntaram se realmente gostaria de vê-lo. Eu disse que sim, pois se meu filho morresse, seria ao meu lado", conta Marcos.  

A força de um pequeno gigante

Bruninho, como é carinhosamente chamado, não só resistiu àquela noite como às que se seguiram. Assim também resistiram Jezzica e Marcos. Mas as batalhas estavam apenas começando, pouco tempo depois foi constatado que o pequeno tinha uma condição chamada de Retinopatia da Prematuridade. Começou uma corrida para conseguir que ele passasse por uma cirurgia. Momento em que os pais esbarraram mais um vez nas dificuldades de precisar contar com o Sistema Único de Saúde (SUS). Entre o sincronismo de conseguir a cirurgia em si, um leito no Hospital Regional de São José e uma ambulância para o transporte, quase um mês se passou. Bruno perdeu completamente a visão do olho direito, mas ainda há chances para o olho esquerdo. "É nisso que estamos trabalhando, estamos buscando tratamento para ele", reforça Jezzica.

Veio para ensinar

Jezzica é também mãe de um adolescente de 14 anos e Marcos tem um filho de sete. Apesar da experiência anterior como pais, eles dizem que Bruno mudou tudo. "Você passa a ver as pessoas com outros olhos", diz Marcos. "É tudo diferente, nos adaptamos ao mundo dele, tanto que iremos aprender braile para ensinar a ele mais tarde. Além disso, me ensinou muito sobre carinho, dedicação e amor, porque ele por si é todo dengoso".  

Tratamento

Bruno também precisa de uma série de atendimentos, como fonoaudiólogo, fisioterapia, acompanhamento com uma professora especial e diversos exames. A mãe conta que atualmente a principal questão a ser solucionada diz respeito ao olho de Bruno e, neste quesito, a família reclama da demora em conseguir atendimento. "Não tem especialista aqui, nós precisamos ir para Florianópolis e precisamos de encaminhamento. Nós sabemos que há diversas pessoas precisando de tratamento, mas o Bruno não pode esperar, porque a cada dia que passa, o problema se agrava", argumentam os pais.  

Nossa redação esteve na Secretaria de Saúde para conversar com a coordenadora de Controle e Avaliação, Neide Barcelos. Ela nos apresentou o prontuário eletrônico de tratamentos encaminhados via Secretaria para Bruno e explicou que o município não possui alguns dos especialistas que o menino necessita. Por isso, o atendimento é encaminhado para fora do município (TFD) e, neste momento, cai em uma fila única que corresponde a todo o estado. "Quando o tratamento é realizado em Indaial, cabe a nós a regulação, mas a partir do momento em que vai para fora do município, a regulação não está mais nas nossas mãos". Neide afirmou ainda entender a aflição da família, mas que o município está fazendo o possível para ofertar os tratamentos dentro do que pode realizar por conta das regras do SUS. Ela também colocou o setor à disposição para possíveis explicações aos pais.


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