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Com a preciosidade de um diamante

  • Beto fotografias - Eunice e Estanislau casaram-se no dia 20 de julho de 1957, juntos tiveram cinco filhos e sete netos

Estanislau e Eunice Jablonski falam sobre a aventura de comemorar 60 anos de casados

INDAIAL - Um reduto de memórias, a celebração de uma vida - o berço onde se deitaram os cinco filhos e os sete netos, a cadeira que Eunice utilizava para cortar o cabelo de familiares e vizinhos, o carrinho de mão utilizado por Estanislau, a máquina de costura dela, a seringa com a qual ele trabalhava no hospital, as louças e utensílios que fizeram parte do dia a dia da família, o balanço de madeira construído por ele, onde balançava os filhos enquanto descascava uma laranja à espera do colega de trabalho, as pétalas de rosas jogadas sobre o casal. Lágrimas de emoção, a prova de que todo trabalho, amor e dedicação valeram a pena para formar uma família que cresceu sabendo o valor do afeto, da gratidão e do respeito. Assim foi o início da festa de Bodas de Diamante de Estanislau, de 88 anos, e Eunice Jablonski, de 84, comemoradas no fim de julho.

O casal foi surpreendido pelos filhos, que prepararam tudo com o maior carinho, porém em segredo. "Até agora custo a processar tudo que vi lá. Nem eu imaginava que tinha feito tantas coisas nesses 60 anos", conta Eunice. Fotos e objetos foram espalhados pelo local para lembrar a trajetória do casal nestas seis décadas de coragem, companheirismo e cumplicidade.

O início

Os dois se conheceram em uma festa, ou melhor, um já conhecia a família do outro há muito tempo. "Sabia que eram pessoas boas", revela Estanislau. O sentimento entre eles foi crescendo até se tornar um namoro e, seis meses mais tarde, o casamento.

Este, aliás, apressado, não pelo tempo que levaram para tomar a decisão de passar o resto da vida juntos, mas pela pressa do padre que realizou a cerimônia. Ocorre que o sacerdote que realizaria a celebração acabou por cair em um buraco durante as obras de construção da nova igreja e quebrou a perna. A dificuldade em conseguir um substituto foi grande, uma vez que todos os padres estavam se dirigindo à Joinville para acompanhar a ordenação do novo Bispo. Neste ínterim, um frei de Rodeio estava de passagem por Indaial (se encaminhando a Joinville) e chamou o casal às pressas para cerimônia, pois precisava viajar logo. Assim, o casamento marcado para o fim da tarde aconteceu ao meio-dia. Um contratempo que não tirou em nada o brilho das lembranças do casal.

A situação atípica, aliás, praticamente se repetiu durante a comemoração da Bodas de Ouro, quando o diácono que realizaria a celebração também acabou por sofrer uma queda e quebrar a perna. Já na festa de Bodas de Diamante nenhum contratempo. Apenas boas lembranças e emoção para ficarem guardadas na memória.

Dedicação

"Trabalhamos muito durante nossa vida, cada dia foi suado, mas valeu muito a pena". Os momentos mais difíceis, contam eles, foram as perdas; sobretudo a da primeira filha, que faleceu aos 11 meses. Já a maior alegria desta trajetória foram os filhos, de quem falam com carinho e orgulho. "Nós os educamos muito bem. Podemos perceber isso porque se não tivéssemos, eles não teriam preparado esta comemoração do jeito que fizeram", emociona-se Eunice. Enquanto isso, Estanislau puxa pela memória um momento marcante, quando chegava do trabalho como tecelão, já no início da tarde, e sentava-se para almoçar. Logo ganhava a companhia dos filhos, que almoçavam (pela segunda vez) junto com ele.

Para os casais que estão iniciando a vida a dois agora, deixam valorosos conselhos. "Pensem bem antes de casar, conheçam-se melhor para poderem começar e continuar a vida juntos. Quem casa faz um juramento de estar junto nos momentos bons e ruins, e não pode quebrar esse juramento", aconselha Eunice.

Estanislau complementa o pensamento da esposa: "casei com o propósito de ter uma companheira e formar uma família e nós dois nos mantivemos firmes nesta ideia. Hoje em dia muitos se separam por conta de uma "coisinha", o propósito se tornou a felicidade individual e não a unidade da família. As pessoas deveriam sentir a responsabilidade que possuem consigo, com o outro, com os filhos e com aqueles que virão depois de nós. É claro que nestes sessenta anos nós tivemos desentendimentos, mas é preciso existir o entendimento, o perdão e a vontade de levar a vida para frente, de ser felizes juntos".

O casal mantém consigo uma tradição, quando os filhos ainda eram crianças, recusavam-se a dormir antes dos pais e, antes de deitarem, todos rezavam juntos. Agora, com os filhos já crescidos, ainda rezam juntos todas as noite. E foi com fé, compreensão e amor que construíram uma relação tão duradoura e valiosa quanto um diamante.


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