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Artesão esculpe beleza e funcionalidade

  • Janaina Possamai - ?Gosto de trabalhar com os detalhes, o entalhe, curvas, formas, o reaproveitamento da madeira, a criatividade?, afirma Grava

Márcio Grava se inspira no trabalho do tio para criar peças que servem como mobília e arte

ASCURRA - No início é apenas um pedaço de madeira, o material bruto não traz em si grande beleza, porém a visão do artista traça o desenho e o tira do papel utilizando-se do formão, do soquete e da criatividade. Esculpe assim beleza, funcionalidade e arte. O banco rústico de madeira com detalhes entalhados no encosto logo denuncia que aquela é uma residência habitada pela sensibilidade e habilidade de um artista. Os próximos passos servem para sanar todas as dúvidas, há quadros pintados a giz de cera sobre o eucatex, uma escultura que retrata a Santa Ceia pendurada na parede, a casa de bonecas feita especialmente para a neta e outros bancos rústicos, tão belos quanto duráveis. É perto deles que sento para conversar com Márcio Antônio Grava, 51 anos.

O artista ascurrense aprendeu a admirar a transformação da madeira nas mais variadas formas desde cedo. Foi por meio do tio, conhecido como Chico Grava que, aos 10 anos, iniciou o artifício. Com o passar dos anos seguiu por outros caminhos até que, há seis anos, voltou suas energias novamente à madeira e ao encanto que se pode extrair dela. Grava conta receber encomendas de toda a região, seja de bancos, quadros ou placas para sítios. "Atualmente é uma mistura de trabalho e lazer. Gosto muito de trabalhar com a madeira e ela me traz algum retorno financeiro", explica.

A matéria prima ideal é o cedro, mais maleável, mas é possível trabalhar também com outras, como o eucalipto. Para esculpir as peças, ensina que tudo inicia com uma ideia, o desenho dela e o material bruto. Depois é que se põe a mão na massa, ou melhor, na madeira. Começa então o trabalho de entalhe, em seguida é preciso lixar, passar o selador e o verniz, assim está pronta a peça. A explicação faz parecer fácil, mas o ingrediente principal para o ofício é um dom. "Meu filho encontrou um Grava, lá na Itália, que também trabalha com isso. Acho que já está no sangue".

E não é só através da madeira que Grava demonstra sua arte, também pinta quadros com giz de cera e toca violão. "Ensaio com o Circolo Trentino di Rodeio toda semana - canções típicas italianas", conta. As peças produzidas por ele estão espalhadas por toda casa, não apenas como artigos de decoração, mas de forma extremamente funcional. No ateliê de costura da esposa, um móvel construído inicialmente para ser um rack encontrou seu lugar e funcionalidade, assim também ocorre com o caixote de lenha e demais artigos, como o banco que citamos no início desta reportagem.

Ao apresentar as ferramentas, mostra também uma tábua retirada do rio. "Esta já está pronta, foi esculpida pela natureza", brinca. Ele completa "Gosto de trabalhar com os detalhes, o entalhe, curvas, formas, o reaproveitamento da madeira, a criatividade".

As horas investidas em cada peça variam conforme o artigo produzido, um banco, por exemplo, leva cerca de quatro dias, já as esculturas ficam prontas em menos tempo. E assim segue o dia a dia do artesão que, despretensiosamente, aceitou o pedido para confeccionar um ambão para a Igreja Matriz de Gaspar e de lá para cá, não parou mais de projetar e entalhar a arte na madeira.


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