Coragem para empreender

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Janaina Possamai -
Sócias contam quais são as dificuldades encontradas nos momentos iniciais desta aventura
INDAIAL - Responda rápido: você arriscaria abrir seu próprio negócio no atual momento econômico? Para grande parte dos leitores a resposta foi não, mas para uma pequena parcela certamente a palavra que ecoou foi um sonoro sim. A resposta afirmativa a este questionamento veio recentemente também para as jovens advogadas Monike Schmidt Pinto, de 29 anos e Vanusa Rodrigues de Freitas Ferigotti, de 34.
Apesar de ambas possuírem experiência na área, enfrentam agora um dos momentos mais decisivos na carreira, buscar espaço em um mercado disputado e conquistar a estabilidade financeira mediante um cenário econômico conturbado. Nossa redação conversou com elas para entender melhor quais são as dificuldades enfrentadas neste início de percurso e como elas se prepararam para empreender.
"O amor pela advocacia sempre foi algo que nos uniu desde a faculdade, já que nos formamos juntas e passamos no mesmo exame de aprovação na OAB. Mas foi somente neste último ano que surgiu de fato a intenção de concretizar o objetivo de abrir nosso próprio escritório. Com certeza, abandonar uma situação estável, onde o salário é certo, o retorno garantido e sem riscos, é uma grande decisão e ela jamais pode ser tomada no impulso", ponderam.
Monike considera que este passo não poderia ter sido dado logo após ter concluído a graduação. "Tive a possibilidade, ao recém me formar, de advogar por cinco anos em um escritório espetacular da nossa região. Lá me foram dadas muitas oportunidades de adquirir conhecimento e confiança no meu trabalho e potencial, o que me fez ter a coragem de abrir o nosso próprio escritório, com a certeza de que estava tomando a decisão certa".
Cada área tem um desafio
As sócias explicam que a área do Direito traz consigo um desafio em particular por conta da concorrência ampla na região. "É preciso colocar o seu nome como referência, pois a área jurídica é totalmente voltada à confiança depositada pelo cliente no trabalho desempenhado pelo profissional. Trazer essa confiança para um escritório que está há pouco tempo no mercado é o desafio".
Já com relação à administração financeira do local, as jovens buscaram informações com colegas da área que já possuem escritórios próprios e com amigos empreendedores de diversos segmentos.
"O objetivo foi nos prepararmos para as mais variadas situações que poderiam ocorrer nessa empreitada. Sendo o início, ainda estamos na fase do autoconhecimento, fazendo muitas renúncias e outras aceitações para que possamos investir no crescimento do empreendimento". Para o futuro, elas têm a certeza de que buscar mais conhecimento será vital, tanto na área jurídica quanto administrativa.
Mulheres que empreendem
Apesar do constante espaço conquistado pelas mulheres no mercado de trabalho e, sobretudo, como exemplo de empreendedoras bem-sucedidas, ainda há certa desconfiança com relação à capacidade delas. Isso também é percebido por Vanusa e Monike, mas, passando longe do vitimismo. "Ainda há, infelizmente, alguns casos em que se torna nítida a preferência por um profissional do sexo masculino e com experiência de longa data, o que acrescenta claramente um desafio a mais ao se empreender sendo mulher. Em especial com um escritório formado unicamente por mulheres, como é o nosso caso.
No entanto, encaramos esta opção inicial por profissionais do sexo masculino para atuar em certas áreas do Direito como um comportamento cultural. Acredito que cada vez mais as mulheres estão conseguindo espaço e vem batalhando muito para isto, em especial na advocacia. Em Santa Catarina, as mulheres correspondem a 46% dos registros feitos na OAB".
A pergunta que não quer falar
As sócias revelam que a pergunta que mais ouviram quando revelaram o desejo de empreender foi: Estão preparadas para trabalhar muito sem ter qualquer perspectiva de retorno? "Realmente a maioria dos conselhos tanto dos colegas advogados, quanto dos administradores de demais áreas é de que empreender é um ato de coragem somado ao amor pelo que você faz, pois não há qualquer garantia, então sua dedicação tem que ser 100% para alcançar o objetivo".
Outro quesito comentado por elas é a importância de que todos os envolvidos no empreendimento estejam em sintonia e buscando os mesmos objetivos. "Tudo deve ser previamente conversado, estabelecido e friamente analisado para as piores situações futuras possíveis, para que haja um planejamento de como evitá-las ou solucioná-las, caso ocorram".
Como inspiração, Monike e Vanusa levam consigo a frase de Reid Hoffman, cofundador de LinkedIn: "Empreender é se jogar de um precipício e construir um avião durante a queda".
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